Prática Mindfulness: O Fruto Proibido

Hoje trago-te um exercício simples para convidares o mindful eating a entrar na tua vida.

Convido-te a escolheres um alimento à tua escolha, atrevo-me a desafiar-te a escolheres até aquele alimento que achas “proibido” porque é demasiado tentador e não lhe consegues dizer não. Sim, é esse mesmo, aquele que quando dás uma dentada, te perdes e nem te apercebes que já comeste todo!

Arrisca, dá um salto de fé e confiança em ti!

Abre-te às insuspeitadas oportunidades que esta prática te vai proporcionar.

Já escolheste um alimento?

Eu dou-te uma sugestão: C H O C O L A T E

Se não quiseres, ou não gostares de chocolate, escolhe um outro elemento tentador. O exercício, tal como o mindfulness, é flexível.

Aborda este exercício com uma mente de principiante e uma curiosidade gentil.

Convida os teus olhos a fecharem-se por uns instantes, gentilmente dá-te conta ddo teu corpo como um todo, das sensações físicas do teu corpo. Lentamente, vais convidando a tua atenção a dirigir-se à tua respiração, observando o seu movimento no teu corpo, ao mesmo tempo que te abres à presença de qualquer pensamento que tenha surgido acerca da experiência que se avizinha. Respira fundo, abre os olhos e convida-te a atravessar este desafio com gentileza e curiosidade. Não tens que chegar a lugar algum, apenas vivenciar.

Pega na pasta de chocolate, mas não a abras de imediato. Coloca-a na palma das tuas mãos, observa as cores e formas da embalagem. Sente o peso na tua mão.

Convida a tua atenção e mente a verem esta pasta de chocolate como se fosse a primeira vez, como se nunca tivesses visto uma antes na tua vida. Observa de perto. O que vês?

Convida o teu sentido do tacto a entrar na experiência… toca na embalagem, percebe se existem texturas… gentilmente respira, percebe se consegues ouvir o som do papel da embalagem enquanto a exploras.

Continua a explorar a embalagem, observa as suas cores, olha para as diferentes faces e percebe se encontras qualquer reflexo da luz do lugar onde te encontras, ou quem sabe sombras.

Certamente a tua mente começará a levar-te para outro sítio, pois essa é a natureza da mente: vaguear. Está tudo certo, não é suposto ser diferente. Acolhe e reconhece os pensamentos, convidando de novo a tua atenção a regressar, gentilmente, ao chocolate.

Agora, começa a abrir lentamente a embalagem. Escuta os sons do papel a rasgar-se… observa os movimentos das tuas mãos e dedos, dos teus braços, enquanto o abres.

Leva agora o chocolate até ao teu nariz, sente o seu odor. Respira lentamente, e várias vezes, de forma a te dares conta dos diferentes cheiros. O ato de cheirares o chocolate ativa mais alguma coisa no teu corpo?

Começaste a salivar? Dás-te conta da presença de pensamentos como “sim, vamos despachar isto que eu quero comer!”, “porque demora tanto tempo?”. Se isso acontecer, reconhece, assinala, e compassivamente convida de novo a atenção a regressar ao chocolate.

Lentamente, dá uma pequena trinca no chocolate, mas aguarda uns segundos, não o mastigues nem o engulas.

Dá-te conta do que te faz sentir na boca e do seu sabor. Como é para ti sentir o chocolate a derreter-se na tua boca? Convida-te a observar o sabor e sensações do chocolate enquanto derrete (podes mesmo fechar os olhos), enquanto o moves dentro da mesma. Tenta perceber qual o momento em que queres engolir e, lentamente engole esse pedaço de chocolate, focando-te nas sensações. Dá-te conta se ainda consegues sentir o sabor do chocolate na tua boca e acompanha a sua descida.

Respira fundo, reconhece a forma gentil e curiosa com que te doaste a este exercício. Abre os olhos, observa o resto do chocolate que tens à tua frente e pergunta-te: quero mais um pedaço?

Observa o teu corpo, escuta-o. Necessitas de mais chocolate? É o teu corpo que te pede ou a mente que o deseja.

Respira fundo e decide conscientemente o que fazer. Estás aqui e agora ancorada/o na tua liberdade de escolha. Aceita-a compassivamente seja qual ela for.

Como achas que esta experiência foi diferente da forma habitual com que costumas comer chocolate?

Do que te deste conta neste exercício?

Tiveste algumas ideias de como levar esta atenção a alguns alimentos e, quem sabe, ampliar algumas destas atitudes para o teu dia-a-dia?

Conta-me como foi, quero saber mais sobre a tua experiência.

Come os teus alimentos reverentemente, como se fossem o eixo a partir do qual toda a Terra gira – lentamente, de maneira uniforme, sem pressas em chegar ao futuro. Vive o momento presente. Só este momento é vida.

– Thich Nhat Hann